O texto a seguir é a
introdução de uma ótima e aprofundada análise, que encontrei na internet, sobre The Wall, uma das maiores
criações do rock progressivo e um marco também entre os álbuns conceituais,
executado com maestria pela banda e produzido em parceria com o competentíssimo
Bob Ezrin. Espero que após (ou durante) a leitura sua vontade de escutar
novamente, ou pela primeira vez, o álbum seja imediata. ¨Boa viagem¨ e derrube
o muro que (talvez) separe você dessa obra-prima do rock.
The Wall, do Pink Floyd, é um dos álbuns mais criativos da história do rock. Desde o lançamento do álbum de estúdio em 1979, da tour entre 1980 e 1981 e o filme subsequente, The Wall tornou-se sinônimo de (se não a exata definição do termo) "álbum conceitual".
Através da audição, que é "explosiva" em
disco, aterradoramente complexa no palco e, visualmente explosiva na tela, The
Wall investiga a vida do protagonista ficcional, Pink Floyd, a partir dos seus
dias de infância na Inglaterra pós segunda guerra mundial até o seu autoimposto
isolamento como renomado astro do rock, conduzindo a um clímax que é tanto
catártico quanto destrutivo.
Desde o início, a vida de Pink
gira em torno de um abismo de perda e de isolamento. Nascido durante as dores
finais de uma guerra que tirou a vida de cerca de 300.000 soldados britânicos
(dentre eles, o pai de Pink) a uma mãe superprotetora que dispensa a seu filho
doses iguais de amor em abundância e fobia, Pink começa a construir um muro
mental entre si mesmo e o resto do mundo para que ele possa viver em um
equilíbrio constante e alienado de "colagens de filmes", livre das
confusões emocionais da vida.
Conforme seu muro vai chegando ao final (da construção), cada tijolo
isolando-o do resto do mundo - Pink gira em parafuso em um verdadeiro mundo de
insanidade. Contudo, no minuto em que o muro se completa, a gravidade das
escolhas de sua vida inicia. Agora acorrentado a seus tijolos, Pink assiste sem
defesas (ou talvez ele fantasie) enquanto sua psiqué aglutina-se na exata
persona ditatorial que antagonizou com o mundo durante a Segunda Guerra
Mundial, cicatrizou sua nação, matou seu pai e, em essência, poluiu sua própria
vida desde o nascimento.
Culminando em um julgamento mental tão teatralmente rico quanto os
maiores shows teatrais, o conto de Pink termina com uma mensagem que é tão
enigmática e circular quanto o resto de sua vida. Seja vista em definitivo como
uma história sarcástica sobre a futilidade da vida ou uma jornada esperançosa
de morte e renascimento metafóricos, The Wall é seguramente um marco musical
importante, merecedor do título "arte".
Assim como na maioria das artes, o álbum conceitual do Pink
Floyd é uma combinação de imaginação com a própria vida do
autor. O álbum germinou durante a tour do álbum de 1977, Animals, quando o
frontman Roger Waters, cada vez mais desiludido com o estrelato e o status
"eudeusado" que os fãs costumam atribuir aos rock stars como ele
mesmo, cuspiu na face de um frequentador de concertos superzeloso. Horrorizado
com seu desencantamento, Waters começou a esquadrinhar esses sentimentos de
alienação adulta assim como aqueles nascentes da perda de seu próprio pai
durante a Segunda Guerra Mundial para dar vida ao personagem ficcional, Pink.
As loucas histórias que cercam o primeiro frontman da banda, Syd Barrett --
incluindo suas fugas em drogas e subsequente retirada do mundo --
proporiconou a Waters inspiração adicional para o rock star temperamental.
As contribuições dos colegas de banda David Gilmour,
Nick Mason e Richard Wright proporcionaram as pinceladas finais para um
anti-herói contemporâneo um homem comum, existencial e tentando duramente
encontrar (ou discutivelmente perder) a si mesmo e o significado em um século
fragmentado pela guerra.
Fonte: Whiplash.Net.Rocksite