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terça-feira, 7 de julho de 2015

CAZUZA: 25 ANOS APÓS SUA MORTE



Um quarto de século se foi desde que Agenor de Miranda Araújo Neto, Caju para os íntimos, fechou os olhos pela última vez. Dono de uma ‘vida louca, vida’, ela acabou por imitar o verso e tornou-se breve.

Há exatos 25 anos, silenciava um dos artistas mais emblemáticos do rock brasileiro. Com língua presa e poesias cortantes, das letras românticas ao achincalhamento da burguesia, Cazuza cantou temas tabus e reclamou direitos aos marginalizados - ele próprio, apesar de filho de classe média, era bissexual e morreu de Aids, aos 32 anos. Expôs a própria vida. Exagerou. Cravou o nome na história da musicografia brasileira. 

Cazuza dizia que tinha tudo para dar errado. Tinha a língua presa, era filho de um homem poderoso da indústria fonográfica brasileira. Mas, por brilho e talento próprio, o cantor e compositor se tornou um dos grandes nomes da música brasileira, primeiro como líder da banda Barão Vermelho e, depois, na curta carreira solo.

Era poeta do primeiro time. E doce, rebelde, carinhoso, debochado. Viveu intensamente seus 32 anos. Em outubro, serão 25 anos da fundação da Sociedade Viva Cazuza, que sua mãe, Lucinha Araújo, criou três meses após a morte do filho, para abrigar crianças soropositivas. Neste ano, são comemorados ainda os 30 anos de Exagerado, o primeiro disco solo de Cazuza e a canção-título, o primeiro sucesso da carreira pós Barão.

Ainda que o tenha vencido em vida, a doença jamais conseguiu silenciar a sua voz e desmentir as lindas poesias, que nunca estiveram tão atuais .

Cazuza deixou 65 letras inéditas, que estão com Lucinha desde que ele morreu. O CD está sendo produzido por Paula Lavigne e contará com as participações de Caetano, Gil, Seu Jorge, Rogério Flausino e Baby Consuelo , que vão musicar os poemas.
Os artistas convidados ainda estão na fase de escolha das canções. Até agora, só a cantora Bebel Gilberto, amiga de adolescência de Cazuza, musicou uma letra, Brazilian Prayer.
Além do CD serão relançadas edições atualizadas dos livros Só As Mães São Felizes (1997) e Preciso Dizer Que Te Amo (2001), ambos projetos de Lucinha Araújo, que devem ganhar novas edições até agosto. O primeiro virou best-seller e serviu de base para outros dois projetos bem-sucedidos: o filme Cazuza – O Tempo Não Para (2004), dirigido por Sandra Werneck e Walter Carvalho, e protagonizado por Daniel de Oliveira, e Cazuza – Pro Dia Nascer Feliz, o Musical, que estreou em 2013 e atualmente está rodando o Brasil, com Emilio Dantas.

Em nove anos de carreira, Cazuza deixou 126 canções gravadas, 78 inéditas e 34 para outros intérpretes. Polêmico, ele também chamava atenção por sua vida boêmia. Dentre as suas músicas mais famosas com Barão Vermelho estão "Todo Amor que Houver Nessa Vida", "Pro Dia Nascer Feliz", "Maior Abandonado", "Bete Balanço" e "Bilhetinho Azul". Já em sua carreira solo, destaque para "Exagerado", "Codinome Beija-Flor", "Ideologia", "Brasil", "Faz Parte do meu Show", "O Tempo não Para" e "O Nosso Amor a Gente Inventa". 

Nascido no dia 4 de abril de 1958, no Rio de Janeiro, Cazuza era filho único e sempre teve contato com o mundo da música por conta do trabalho do seu pai na indústria fonográfica. Com isso, ele cresceu em meio a figuras como Caetano Veloso, Elis Regina, Gal Costa, Gilberto Gil e João Gilberto. Em janeiro de 1985, ele e a banda se apresentaram na primeira edição do Rock in Rio. Neste mesmo ano, deixou o Barão Vermelho para seguir a carreira solo.