Um quarto de século se foi desde que Agenor de Miranda Araújo Neto, Caju para os íntimos, fechou os olhos pela última vez. Dono de uma ‘vida louca, vida’, ela acabou por imitar o verso e tornou-se breve.
Há exatos 25 anos,
silenciava um dos artistas mais emblemáticos do rock brasileiro. Com língua
presa e poesias cortantes, das letras românticas ao achincalhamento da
burguesia, Cazuza cantou temas tabus e reclamou direitos aos marginalizados -
ele próprio, apesar de filho de classe média, era bissexual e morreu de Aids,
aos 32 anos. Expôs a própria vida. Exagerou. Cravou o nome na história da
musicografia brasileira.
Cazuza
dizia que tinha tudo para dar errado. Tinha a língua
presa, era filho de um homem poderoso da indústria fonográfica brasileira. Mas,
por brilho e talento próprio, o cantor e compositor
se tornou um dos grandes
nomes da música brasileira, primeiro como líder da banda Barão
Vermelho e, depois, na curta carreira solo.
Era poeta do primeiro
time. E doce, rebelde, carinhoso, debochado. Viveu intensamente seus 32 anos.
Em outubro, serão 25 anos da fundação da Sociedade Viva Cazuza, que sua mãe,
Lucinha Araújo, criou três meses após a morte do filho, para abrigar crianças
soropositivas. Neste ano, são comemorados ainda os 30 anos de Exagerado, o primeiro
disco solo de Cazuza e a canção-título, o primeiro sucesso da carreira pós
Barão.
Ainda
que o tenha vencido em vida, a doença jamais conseguiu silenciar a sua
voz e desmentir as lindas poesias, que nunca estiveram tão atuais .
Cazuza deixou 65 letras
inéditas, que estão com Lucinha desde que ele morreu. O CD está sendo produzido
por Paula Lavigne e contará com as participações de Caetano, Gil, Seu Jorge,
Rogério Flausino e Baby Consuelo , que vão musicar os poemas.
Os artistas convidados ainda estão na fase de escolha das
canções. Até agora, só a cantora Bebel Gilberto, amiga de adolescência de
Cazuza, musicou uma letra, Brazilian Prayer.